Ecossistema Turfeiras

É no Espinhaço Mineiro que se localiza um dos mais importantes divisores hidrográficos do sudeste brasileiro, separando a bacia do rio São Francisco, a oeste, das bacias dos rios Jequitinhonha e Doce que irrigam o nordeste e o leste mineiro. O Rio Jequitinhonha nasce no município do Serro e seu curso segue pela região do semiárido até seu encontro com o mar na Bahia. A bacia hidrográfica do Jequitinhonha se estende por mais de 90 municípios e abastece uma população estimada de 1,5 milhão de pessoas.

Muitos rios que compõem a bacia do Jequitinhonha e as outras bacias ditas acima, nascem nas partes altas das montanhas do Espinhaço, em ambientes conhecido como Turfeiras, que são ecossistemas de transição entre o ambiente aquático e o terrestre.

A principal característica das turfeiras é o organossolo, um solo preto e muito rico em matéria orgânica, que se forma quando características físicas e químicas do ambiente dificultam o processo de decomposição. Essas áreas de solos orgânicos são muito importantes por absorver grande quantidade de água na estação chuvosa e que é liberada gradativamente ao longo de todo o ano.

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Foto: Acervo Instituto Biotrópicos

As turfeira são portanto, verdadeiras caixas d’água que armazenam a água da chuva e que, na época seca, liberam lentamente a água acumulada, isso torna os principais rios da região perenes, mesmo quando as chuvas são escassas.

Um fato muito interessante é que a enorme quantidade de água armazenada nesses ambientes ácidos e orgânicos adquire a coloração escura que lhe é peculiar e que, inclusive, dá nome a rios da região como Rio Preto, Rio Vermelho, Rio Pardo e Rio Paraúna – palavra que significa “rio de águas escuras” em Tupi.

Outro serviço ecossistêmico prestado pelas turfeiras é o armazenamento de carbono. Por meio da fotossíntese, a vegetação capta o carbono da atmosfera, ao mesmo tempo que o solo, ao dificultar o processo de decomposição, retém este elemento, impedindo que ele retorne para a atmosfera. As Turfeiras também guardam registros de um passado remoto. Ao dificultar a decomposição da matéria orgânica, esse ecossistema promove a fossilização de animais, plantas e, sobretudo, de grãos de pólen. 

A flora diversificada, rara e endêmica também impressiona a todos, elevando cada vez mais a preocupação para a conservação desses locais. 

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Foto: Fabiane Costa (Acervo PELD TURF)

Visando conhecer as características, ameaças e propor estratégias de conservação do ecossistema de Turfeiras, bem como contribuir para que a produção de conhecimento científico esteja integrada às necessidades da sociedade, desde 2021 está em andamento o Programa de Pesquisa Ecológica de Longa Duração - Turfeiras da Serra do Espinhaço Meridional: serviços ecossistêmicos e biodiversidade (PELD TURF). 


Os sítios PELD TURF foram instaladas no Espinhaço Meridional, no Chapadão do Couto, com o objetivo de monitorar áreas de turfeiras nas cabeceiras do alto curso do Rio Araçuaí, incluindo turfeiras nas nascentes do Rio Preto (afluente do rio Araçuaí) dentro do Parque Estadual do Rio Preto, e turfeiras nas nascentes do Rio Araçuaí, fora do Parque e com intervenções antrópicas constantes. Para conhecer mais, siga a página do instagram @peld.turf.

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Autor

juniorgtx68@gmail.com