Raro e endêmico do alto do pico. Conheça a história do Crossodactylodes itambe, um sapinho com cerca de 15mm, do tamanho de uma unha que vive em bromélias no Pico do Itambé.
Foto: Izabela Barata
O ano era 2009 e pesquisadores investigavam a influência da altitude na distribuição de anfíbios na Serra do Espinhaço. O local da pesquisa era o Parque Estadual do Pico do Itambé. Para a ocorrência de sapinhos, a água é fundamental, mas no alto do Pico do Itambé, com seus 2060 metros de altitude, não existem lagos ou riachos. A única água existente vem da chuva que se acumula em bromélias e ou nas bacias de pedras. Logo na primeira noite da expedição, observando as bromélias do alto do pico, a bióloga do Instituto Biotrópicos Izabela Barata notou a presença de um pequeno sapinho… diferente de tudo que ela já havia visto. Esse foi o primeiro momento de uma grande descoberta!
Após a surpresa desta descoberta, o pequeno sapinho virou o centro das atenções. Fotos e vídeos registravam o sapinho e o local onde ele habitava, mas pesquisas ainda eram necessárias para o seu reconhecimento. E assim iniciou outra jornada.... Muitos estudos foram acontecendo, o sapinho era apresentado para grupos de especialistas em anfíbios: você já viu algo assim? Mas a resposta continuava negativa.
Após alguns anos e ainda sem identificação, durante uma reunião do Plano de Ação Nacional para a Conservação da Herpetofauna Ameaçada da Serra do Espinhaço, a história começava a ganhar novas páginas. Em conversa com especialistas, finalmente veio a confirmação de se tratar de um gênero muito raro. Surgiu a primeira pista: possivelmente se tratava do gênero Crossodactylodes. Com apenas três espécies descritas, todos os sapinhos foram encontrados em bromélias da Mata Atlântica.
Só que o sapinho foi encontrado no Pico do Itambé, o primeiro registro em campos rupestres.
Foi então que em 2013 saiu a descrição de uma nova espécie de sapinho, que só existe no alto do Pico do Itambé. Até hoje, os estudos inéditos realizados pela equipe do Instituto Biotrópicos produziram as maiores informações sobre a ecologia da espécie e deste grupo raro de sapinhos. E agora, unindo o conhecimento produzido, o Parque e seus parceiros propõe ações de conservação para o sapinho e seu habitat.
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